Discaço esse Head Hunters, de 73, projeto demolidor de Herbie Hancock, trazendo o pianista americano mais uma vez munido de parceiros calibrados e experientes: Bennie Maupin (sax, clarinete e flauta), Paul Jackson (baixo), Harvey Mason (bateria) e Bill Summers (percussão). Lembra outro quinteto de jazz matador do qual Hancock fez parte nos anos 60 com Miles Davis, Ron Carter,Tony Williams e Wayne Shorter. Só que aqui a perspectiva musical é diferente…
Com um Hancock usando e abusando de teclados analógicos e experimentações eletrônicas, mostra um quinteto descolorindo o jazz e improvisando cores nos tons black, soul e funk. O resultado é um dos discos de jazz mais vendidos da história e a consagração de Hancock como mestre do jazz-fusion. O que impressiona é como apenas 4 músicas podem causar um estrago tão grande…
O disco abre com o hit “Chameleon”, trazendo uma batida instigante, ritmo pulsante, solos de teclado e de saxofone em 15 minutos de causar estrago na espinha… se segura malandro!! Segue o embalo com a clássica “Watermelon Man”, uma releitura de 1964 do próprio Hancock, aqui mais dançante e com o tempero groove em ação. “Sly” é clara referência à influência Family Stone nesse caldo, mostrando mudanças de andamentos por labirintos suingados. Pra encerrar, “Vein Melter” mostra um semblante jazz mais tradicional, trazendo à tona a atmosfera da improvisação, num trabalho de teclados perfeito.
Muito bom… é o jazz (ou seria o eletro-funk?) do criolo doido. Se usted não conhece, vale a pena por a cabeça a prêmio, antes de mastigar el groove terrible… experimente!